domingo, 28 de junho de 2009

Experimental I

Subo desajeitadamente para o balão de ar quente. Tento focar-me no céu para não pensar que os estou sem os pés assentes na terra...abandono-a!
O céu aproxima-se no seu azul manchado de nódoas níveas. Admiro por instantes o engenho do balão e o quente da chama que me faz voar, num gesto acaricio as cordas fortes que envolvem as minhas asas. Sinto o imenso e viajo. Até onde posso eu ir? Fecho os olhos e na minha viagem viajo também. As estrelas espreitam e cobiçam a vida dos que sonham e dos que voam, e ainda mais daqueles que sonham voado e dos que voam sonhando. À agitação dos céus junta-se a lua, a cara motra mais do que a cobiça, mostra a solidão e as cicatrizes que deixou quem teve coragem de a abandonar.
Penso nos continentes, nos mares, nos rios em pessoas, no feitos das pessoas, nas incertezas e medos das pessoas. Na bravura, na coragem, na forma das coisas. No ar surge a pergunta... porquê? de onde veio? para que veio? Sem teorias de conspirações, volto ao sonho e à simplicidade do sonho.

Delfina Rocha