quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Boys Don't Cry

Um ano passa, as experiências passam (algumas evoluem), as memórias ficam!

És hoje pai com uma mãe que para mim é um vulto, um desconhecido e incógnito. És pai!
Dentro de um outro ser brincam agora bocadinhos do teu ser, um ser que outrora eu quis para mim.
Escondes-te atrás de mentiras baratas, de cobardias múltiplas, atrás dessa máscara que teimas em usar. O que te terá acontecido? Por quantas noites não dormiste a pensar na vida, nesse ser? E por quantas outras não sonhaste acordar de um sonho que era e é matéria? Que palavras deixaste de dizer, por quantos dias e meses ficaste sufocado? Por quantas vezes choraste como uma criança, como fizeste tantas vezes no meu ombro?
Tenho tantas perguntas para te fazer, mas se as fizesse sei que me enganarias...Prefiro pensar na única resposta...essa tem nome de flor . Espero que a saibas cultivar e acima de tudo que mereças essa que é uma das maiores dádivas da condição humana...teres para ti uma vida. Talvez nunca leste nada do que aqui te escrevi e escrevo, mas fica com a certeza que esta carta é para ti, de alguém como eu que te conhece lá no fundo, mesmo que regres a tua vida pela superficialidade! Nada mais importa! Nem as inquietações, nem as noites sem dormir, nem os sonhos ou pesadelos, nada! Nem todas as lágrimas e fúrias, tudo agora desvanece e vê nascer o ponto final de uma história que há muito tinha terminado. És pai!

Delfina Rocha

sábado, 1 de agosto de 2009

entre o algodão e a cana de açucar - I

Foram 13 anos. 13 anos de adeus e de partidas de meninos que se fizeram homens. Acenos e lágrimas na partida para o incerto, para o desconhecido, para o proíbido de falar. O silêncio instalado na boca e no pensamento. Assim partiam por terra, céu e mar para a extensão de um país que se queria que fosse mais do que um jardim à beira mar plantado. E nas viagens ninguém falava, os bufos estavam sempre a bordo. Na verdade pouco importava os desígnios da política e dos motivos, o importante e o dever era defender a pátria, fosse qual fosse o motivo.
Mas haveria noites de interrogações? Perguntas feitas no intímo do ser? Medos? Esperanças por baixo do camuflado?
Seguiam para as Africanas terras há séculos colonizadas cuja a avareza não os deixou deixar em tempo certo.

Delfina Rocha

domingo, 28 de junho de 2009

Experimental I

Subo desajeitadamente para o balão de ar quente. Tento focar-me no céu para não pensar que os estou sem os pés assentes na terra...abandono-a!
O céu aproxima-se no seu azul manchado de nódoas níveas. Admiro por instantes o engenho do balão e o quente da chama que me faz voar, num gesto acaricio as cordas fortes que envolvem as minhas asas. Sinto o imenso e viajo. Até onde posso eu ir? Fecho os olhos e na minha viagem viajo também. As estrelas espreitam e cobiçam a vida dos que sonham e dos que voam, e ainda mais daqueles que sonham voado e dos que voam sonhando. À agitação dos céus junta-se a lua, a cara motra mais do que a cobiça, mostra a solidão e as cicatrizes que deixou quem teve coragem de a abandonar.
Penso nos continentes, nos mares, nos rios em pessoas, no feitos das pessoas, nas incertezas e medos das pessoas. Na bravura, na coragem, na forma das coisas. No ar surge a pergunta... porquê? de onde veio? para que veio? Sem teorias de conspirações, volto ao sonho e à simplicidade do sonho.

Delfina Rocha

sexta-feira, 17 de abril de 2009

depois da chuva passar...

São pingos de água gelada...caem cristalinos do céu; levam o que sobrou do pó que o vento trouxe e espalhou.... A chuva limpa cada canto e recanto a cada gota que se solta das nuvens...no ar sente-se agora o cheiro a terra molhada. Vejo o verde muito verde da relva...O cinzento e o branco do céu põem a nu e a descoberto as cores outrora opacas e cobertas pelo pó. O pó esse corre agora na força das águas das chuvas que correm também elas velozes para o oceano. Pára de chover...fecha-se o abrigo maquinal dos pingos que encharcam. Amanhã talvez apareça o sol e com ele o azul ciano de algum céu!

Delfina Rocha

quarta-feira, 25 de março de 2009

Lente de Contacto

Parabéns Tiaguhhhhh!!!!!
A passagem das armações com lentes para as lentes de contacto é exactamente igual à passagem dos 18 para os 19 anos!!!...Muda-se por fora o efeito e o dentro permanecem e são o mesmo!
Gosti!!! Beijo grande do segundo elemento soulmates!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

vestir-me por dentro


Contínuo pelo passeio, atenta! Ouço ruídos e vozes que falam...e falam e chegam mesmo a gritar! Apoio-me na parede áspera e cinzenta que a cidade me oferece... tento que a vertigem passe. Penetro em mim. Penso se terão medo de mim...dos meus olhos raiados de vermelho, da força e da fragilidade que carrego no caminho. O pânico acelera a minha respiração já ofegante. Sufoco! Não há ar que possa encher ao limite os meus pulmões sedentos, não há, não há ar!!! Quero deixar-me cair no conforto do passeio, na parede não porque continua áspera e rugosa, mas o passeio... Atenta...tenho que continuar atenta! Busco a atenção em mim. Respiro! Invade-me agora um odor, volto-me para ele. Disperso de súbito a minha atenção de mim para ele, para o odor.
Delfina Rocha

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

(?)



'Queres saber se eu ainda existo, tocaste-me para me sentires, para saberes que estou aqui.'

ja nao sei se sabes q eu existo.
ja nao sei se ainda existes.

ja nao sei se me sabes sentir.
ja nao sei se te sei sentir.

ja nao sei se sabes que ainda estou aqi.
ja nao sei se ainda estas ai.


TiagoPinto

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Só porque hoje me apetece...

O teu sorriso brilha mais que o sol. Quando me abraças daquela tua maneira, tão forte e sentida... O que fizeste em mim foi ensinar-me que há coisas que nada importam explicar. Basta sorrir quando me lembro das conversas, das confidências, desse sorriso.
Tocaste-me. Não nos lábios, não na pele. Tocaste bem cá dentro e marcaste a ferro e fogo o teu nome. (...) contigo vejo o mundo de uma forma mais bela (...). Sei que tenho tanto para aprender, tanto para viver contigo. (...)
És tão bonita. E não é essa tua beleza que todos vêem, mas aquela beleza que trazes dentro de ti e poucos conhecem. É essa beleza que te torna tão incrível, tão única e tão especial para mim.

...dizer que gosto muito da Delfina!


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

2008/2009 Soulmates together!

Foi caseira mas muito boa a Passagem de 2008 para 2009. Momentos para mais tarde recordar e dar umas boas risadas.
Se o viver pertence aos loucos então nós ficamos com boa parte do viver!
Bom Ano!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ponto sem retorno ( ou talvez a minha entrada )




"Quando acordares, olha por mim E em silêncio, beija-me assim Conta-me como é acreditar Mostra-me o mundo p'ra além do olhar Vozes no mar, que se escondem E com vergonha de te ver, talvez Passo a vida sem acreditar Na corda bamba a vacilar

Ergue-te ao sol Vive cada dia como um só Solta a tua voz Vem comigo acreditar E ao acodar, vejo-te a olhar P'ro fim do céu, lá junto ao mar Contigo ri-me e encontrei Palavras certas p'ra ser alguém E assim vivi, acreditei Nadei no sol, e no mar voei Bastou ter fé e acreditar E passo a passo, viver, amar !

Ergue-te ao sol Vive cada dia como um só Solta a tua voz Vem comigo acreditar ! "



as memórias
a saudade
as fogueiras.
as cançoes
as noitadas
os banhos
o uniforme


é disto tudo e muito mais que eu sinto falta!

O Escutismo? Uma boa e grande parte da minha vida


domingo, 4 de janeiro de 2009

a flutuar



E se existissem dois sóis?

Será que o problema do "contra-luz" estaria resolvido? Será que os robots que vagueiam por todo o lado olhavam para o céu mais vezes? Será que os nossos olhos iam ficar com a íris suprimida? Tal a força da luz dos dias. Será que nesses lugares onde mora a escuridão iria um dos dois sóis brilhar? Desejaríamos nós ofegantemente pela noite? Pelo compasso terno do negro, da lua pálida, da penumbra? Seria o fim dos tempos ou o início de um novo tempo?

A claridade revela, revela-nos...ergue aos outros, que têm consciência de nós, a derradeira sombra... Ficamos nus. A alegria, a devassa, as olheiras negras de noites espectantes, a calma, o egoísmo, a loucura, o ódio, a avareza, a tranquilidade, pudesse eu escrever tudo o que vejo e sinto só com um sol.

Páro a vertigem, regresso à noite. É ela que me conforta. Respiro o doce orvalhar que caí na noite, vejo gente e mais gente - os loucos da noite.

Admiro-os e tento adivinhar cada vida, cada traço de estória....serão eles lembrados um dia, ou simplesmente esquecidos?

Que faço aqui agora?...ah, sonho com dois sóis....Regresso onde fiquei...

na noite?

Delfina Rocha

sábado, 3 de janeiro de 2009

Ghost in the Shell II

A cidade ainda brilha nos gases de lógica ascendente. Quase enjoa e causa náuseas, tento a abstração. Fico, páro....entro. Penetro em passos lentos no turbilhão. Deixo que as ondas me guiem...fecho os olhos, não consigo enfrentar...sinto a batida sôfrega do miocárdio que tenho no lugar do coração, quase dói...quase sinto o colapso, sinto? Ri pela antítese. Espreito...o selvagem acto de te olhar. Segues-me nesse tom autómato e ao mesmo tempo irresistivelmente quente e acolhedor. Cerro os olhos, dói, dói tanto...A dor ganha vida em mim, vive aqui, acomoda-se e tu chegas outra e outra vez com esse antídoto simples. Matas-me um pouco mais para que eu possa viver. Ali nos teus braços são os meus teus também, são teus. É minha e tua a minha vontade, o meu olhar roubaste-o ainda antes. Leva-me, tira-me, tira tudo fora do sitio, arruma depois tudo como quiseres, como tiveres na mente e no sangue a vontade de o fazer. Encolho-me para chorar, ainda sei o que isso é? A lágrima cai negra na nivea pele que carrego. Espreito so mais uma vez, abro uma fresta do meu olhar à urbe e sim...ainda permaneces lá. Cerro com força o olhar e num suspiro grito em mim: ainda bem.

Delfina Rocha

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Só tenho 3 minutos...

Já não olho o espelho o espectro é vão.....sombras de mim, sei lá. vem de dentro, vem cá dentro. Se eu pudesse escolher, tantas são as coisas e as manias que mudaria. Mas não é esse (mudar) o mote que me traz cá hoje?
Grito, sufoco...queria tanto, tanto de ti e de outros tis em ti, como eu queria!
Passam três minutos, pode passar também a vida toda, toda, que eu hei-de sentir a lâmina que corta e rasga o meu peito...respiro sobre o sangue que escorre e escorre e molha o meu corpo, a minha alma. É ele que há-de dar de beber à sede de muitos. Grito, grito...já não é o deixa-me, desta vez eu vou! São três minutos.

Delfina Rocha.