segunda-feira, 7 de novembro de 2011

PARA SEMPRE GIL

" O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

(Fernando Pessoa)


domingo, 19 de junho de 2011

VIVA PRODUÇÃO

DSCN3516 - Cópia

Estas são as palavras que eu dedico aos meus meninos. Aqueles três que fizeram o mundo girar de forma diferente, dentro das paredes cinzentas de uma rua demasiadamente industrializada para sentir. Aqueles três com quem partilhei as minhas alegrias, tristezas e pequenas vitórias. Aqueles a quem tentei ensinar o pouco que sei e àqueles que me ensinaram também que as gerações se encontram na partilha – quando se dá e recebe diariamente o “suor do rosto” – o trabalho.

Celebro com eles as nossas memórias do tempo passado, celebro um Fórum de grandes momentos. Acho que posso dizer que os vi nascer! Eram estranhos quando timidamente me disseram os seus nomes: Joana, Elisabete e Jaime. Depois foram crescendo e crescendo, ficaram gigantes até ao dia da partida. O corte do cordão, quase umbilical, magoa por dentro, faz-me sentir fraca e muito impotente… Resta a esperança -  é claro que eles a partir daqui continuarão a ser gigantes, continuarão com o brilho nos olhos que lhes é próprio, com as mentes que ainda voam e fazem voar, continuarão a mostrar que é nas coisas mais simples e nos devaneios mais estonteantes que reside grande parte da felicidade.

É aos meus meninos que hoje escrevo, é a esses três que desejo hoje que o universo conspire a favor, e que lhes conceda o maior de todos os presentes…que nunca percam o brilho do sonho.

E por agora digo “continuando que é gerúndio”.

Delfina Rocha

À Criança que habita em mim…que habita em nós.

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol
amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...

Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...

Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...

Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul

Pinto um barco a vela
Brando navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...

Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...

Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...

Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...

De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...

Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar

Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
(Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
(Que descolorirá!)
Giro um simples compasso
Num círculo eu faço
O mundo
(Que descolorirá!)
                                  Aquarela, Toquinho

Delfina Rocha